Tese - Sandra Dal Pai

AS VIVÊNCIAS DAS FAMÍLIAS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: estudo das perdas e dos processos

Autor: Sandra Dal Pai (Currículo Lattes)

Resumo

Como objetivo geral buscou-se compreender os processos que ajudaram a família a enfrentar as perdas vivenciadas durante a pandemia da COVID-19. Como objetivos específicos: Examinar a(s) perda(s) decorrente(s) da pandemia e o sentido atribuído pela família; Examinar as referências de apoio utilizadas pela família que auxiliaram no processo de enfrentamento da(s) perda(s); Examinar os processos de organização, de comunicação e os sistemas de crença utilizados pela família no enfrentamento da(s) consequências(s) decorrentes da pandemia da COVID-19. Estudo qualitativo, exploratório, que utiliza o referencial teórico da Resiliência Familiar. Participaram do estudo 36 famílias que sofreram perdas econômicas/financeiras e/ou perdas por morte e/ou perdas/rompimentos de relacionamento durante a pandemia da COVID-19. Incluiu-se famílias que tinham pelo menos um membro representante com idade igual ou maior de 18 anos, totalizando 41 membros representantes. Os dados foram coletados entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, por meio de entrevistas semiestruturadas, em uma cidade do noroeste do Rio Grande do Sul/Brasil e analisados pela técnica de análise de conteúdo, com o auxílio do software Iramuteq. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da FURG, CAAE: 63850822.9.0000.5324, conforme a Resolução nº510/2016. Evidenciou-se que as perdas surgidas da pandemia foram as perdas laborais, financeiras, relacionadas à saúde e às perdas por morte. Para enfrentá-las, as famílias identificaram auxílio nos recursos intra e extrafamiliares, representados pela intensificação das relações com a família nuclear. E, quando a família vivenciou a morte, buscou se fortalecer com mais convicção no sistema de crença e nos recursos extrafamiliares, identificados pela terapia psicológica e na igreja. A perda por morte foi uma das mais difíceis de enfrentar, mesmo assim, algumas famílias perceberam a morte com pesar, e algumas com alívio. Quando a família percebeu a morte com pesar, revela que os processos de organização e de comunicação familiar se desenrolavam de maneira positiva em conjunto a pessoa que morreu. Quando percebeu a morte como alívio, denota severas falhas nos processos de organização e comunicação, junto a pessoa falecida. Os sistemas de crença são evidenciados em ambas situações, fazendo referência ao significado criado pela família para enfrentar a morte. O estigma social em relação a doença, a introdução do ensino escolar remoto, os atritos entre os membros, a separação conjugal e o desencadeamento de psicopatologias em alguns membros foram algumas consequências surgidas da pandemia. Frente ao estigma social, a dificuldade escolar remota e o desencadeamento de psicopatologias, as famílias conseguiram se fortalecer a partir dos três processos da resiliência familiar. Para enfrentar os atritos entre os membros, as famílias se fortaleceram a partir dos elementos da organização familiar. E, quando houve a separação conjugal e a desestruturação familiar, os processos de comunicação e organização colaboraram para o fortalecimento e posterior reestruturação da unidade. Espera-se que os resultados deste estudo possam servir de subsídio para a prática dos profissionais que realizam cuidados às famílias, incluindo no plano de cuidados os processos potencializadores da resiliência familiar, pois colabora para que este grupo social desenvolva habilidades e competências, fortalecendo sua autonomia.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Comportamento de enfrentamentoFamíliaPandemia COVID-19Enfermagem