Riscos e intervenções ergonômicas no trabalho de técnicos administrativos em educação de uma universidade pública brasileira

Autor: Marcela Amaral Daoud (Currículo Lattes)

Resumo

O conhecimento sobre os riscos ergonômicos aos quais os trabalhadores estão expostos é essencial para a prevenção e para a realização de medidas que ajudem a diminuir ou eliminar os sintomas musculoesqueléticos. Objetivo: Analisar os riscos e intervenções ergonômicas no trabalho de técnicos administrativos em educação de uma universidade pública brasileira. Metodologia: estudo transversal, descritivo e exploratório com abordagem quantitativa. Foi realizado em uma universidade pública brasileira, com 211 técnicos administrativos em educação. A coleta de dados foi realizada, por meio de questionário semiestruturado (caracterização sociodemográfica e Job Factors Questionaire), disponibilizado na versão online no aplicativo de gerenciamento de pesquisas Google Forms, no período de maio a julho de 2023. Os dados foram digitalizados e organizados no software Statistical Package for the Social Sciences, versão 27.0. O modelo de estatística descritiva foi escolhido baseado no teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. A descrição das varáveis quantitativas foi feita por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. Para avaliação da associação dos desfechos com as variáveis em estudo foram aplicados testes não paramétricos. O teste da correlação de Spearman foi empregado para avaliar a associação com as variáveis numéricas. A comparação de medianas entre grupos foi realizada pelo Teste de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis em conjunto com Dunn. O nível de significância adotado foi de 5% (p< 0,05). Resultados: Os resultados demonstraram que a maioria dos participantes eram mulheres (60,7%), casadas (58,8%) e na faixa etária de 30 a 49 anos (78,7%). Cento e cinquenta e sete (74,4%) participantes tinham de 6 a 10 anos ou mais de tempo na função. Após análise de regressão linear multivariada, houve associação significativa do estado de saúde física regular ou ruim/muito ruim com o fator de risco realizar tarefas repetitivas (p=0,019 e p=0,044). Trabalhar na mesma posição por longos períodos de tempo mostrou associações significativas com o estado de saúde física regular ou ruim/muito ruim (p=0,011 e p=0,004), com a faixa etária (p=0,027) e horas no computador (p<0,001). Continuar trabalhando quando está com alguma dor ou lesão demonstrou associação significativa com o estado de saúde física regular (p=0,031). Intervenções ergonômicas referentes aos ajustes dos postos de trabalho, à educação, às pausas e aos exercícios físicos, como alongamento e fortalecimento, demonstraram ser eficazes para redução de queixas e distúrbios musculoesqueléticos. Conclusão: O estado de saúde física dos servidores técnicos administrativos em educação da universidade foi a variável que mais associou-se com os fatores de risco avaliados e, o fator de risco mais predominante no trabalho dos técnicos foi a realização do trabalho na mesma posição por longos períodos de tempo. Consideramos ser fundamental que sejam adotadas estratégias ergonômicas com o intuito de amenizar os sintomas musculoesqueléticos nos espaços de trabalho da universidade.