Dissertação - Ana Paula Matta dos Santos Costa

Dor em neonatos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: conhecimentos e práticas de enfermeiras (os)

Autor: Ana Paula Matta dos Santos Costa (Currículo Lattes)

Resumo

Há uma compreensão crescente de que os recém-nascidos têm a capacidade de sentir dor e que é essencial minimizar seu desconforto durante procedimentos invasivos ou dolorosos. Nesse contexto, objetivou-se conhecer como os enfermeiros percebem a dor em neonatos internados em Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e que estratégias utilizam para minimizá-la. Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória de cunho qualitativo realizada em um hospital no sul do Brasil. Participaram 11 enfermeiras por meio de entrevista semiestruturada. A análise dos dados foi realizada por meio da Análise Temática. Quanto ao conhecimento dos enfermeiros acerca da dor verificou-se que buscam conhecimento por meio de cursos de capacitação, leitura de artigos em periódicos e realização de pós-graduação. Avaliam a dor do neonato observando critérios como o choro, a expressão facial, a postura corporal, as feições, alterações na saturação de oxigênio e a frequência. Afirmaram não terem recebido nenhuma capacitação e/ou treinamento de modo que tal diagnóstico se dá de forma assistemática e com base nas experiências individuais de cada profissional. Referiram a capacitação recebida como ultrapassada e ineficiente, considerando que não há reciclagem e funcionalidade no que tange a aplicabilidade do cuidado. Reconhecem a dor do recém-nascido, mas sentem-se impotentes frente ao sofrimento dos mesmos. Possuem dúvidas quanto à sua habilidade técnica e conhecimento específico. Apontaram sentimentos de despersonalização do profissional enfermeiro relacionados à falta de padronização e envolvimento da equipe multiprofissional na assistência integrada, fragmentando o cuidado. Quanto às estratégias utilizadas para o alívio da dor dos neonatos investem em medidas não farmacológicas como sucção não nutritiva, diminuição de estimulações táteis, aleitamento materno precoce, glicose oral antes e após aplicação de um estímulo doloroso, método canguru, contenção facilitada. Utilizam também medidas farmacológicas, mas apontam a grande resistência dos profissionais médicos em prescrever essas medicações. Demonstraram preocupação em realizar ações sobre o ambiente, citando a diminuição de ruídos e iluminação, lençóis bem esticados, cateteres bem posicionados, acomodação da criança no leito e imobilização durante procedimentos. Referiram sentirem-se pouco capacitados, necessitando revisarem técnicas e procedimentos, estabelecerem protocolos específicos e implantarem uma escala de dor na unidade. Referiram a necessidade de uma capacitação da equipe de enfermagem para reconhecer os sinais de dor e reconhecerem o momento em que devem ser utilizadas medidas farmacológicas, além de realizarem os registros nas evoluções de enfermagem e no prontuário da criança. Conclui-se que o enfermeiro, assim como a equipe de enfermagem, possui papel fundamental no processo de identificação, mensuração e tratamento da dor, já que são eles que prestam os cuidados diretos aos pacientes, necessitando capacitar-se para minimizá-la, humanizando a assistência.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: DorRecém-nascidoUnidades de Terapia Intensiva NeonatalEnfermagem