Dissertação - Alberto de Oliveira Redü

DOR CERVICAL E QUALIDADE DE VIDA: REPERCUSSÕES EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE DE UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Autor: Alberto de Oliveira Redü (Currículo Lattes)

Resumo

A dor é uma sensação subjetiva percebida pelos indivíduos, quando há um dano potencial ao organismo. Entretanto, desempenha um papel protetivo na vida dos seres humanos, tendo algumas das suas causas à inadequação de fatores ergonômicos do ambiente laborativo. A partir disso, a dor pode ser considerada na vida dos trabalhadores como uma limitação, ocasionando restrições a participação social e, consequentemente, redução da qualidade de vida. Os profissionais da saúde, principalmente os atuantes na pandemia, apresentam grandes propensões ao desenvolvimento de dores, uma vez que foram expostos à carga de trabalho físico e mental de maneira intensa. Objetivo: Analisar a dor cervical e sua repercussão na qualidade de vida de profissionais de saúde atuantes em unidades de terapia intensiva. Metodologia: Foi realizado um estudo descritivo-exploratório, transversal e quantitativo. A amostra populacional foi constituída de 94 profissionais (enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeutas) atuantes em unidades de terapia intensiva adulto de dois hospitais do Sul do Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de abril a agosto de 2023, com a aplicação de três questionários semiestruturados: o primeiro contendo questões sociodemográficas e relativas ao ambiente de trabalho; o segundo o instrumento Neck Bournemouth Questionnaire para avaliação de dor e incapacidade cervical e; o terceiro foi o questionário WHOQOL-Bref para análise da qualidade de vida. A partir disso, os dados foram analisados por meio de estatística descritiva por frequências absolutas e relativas. Para as variáveis quantitativas foram utilizadas média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. A normalidade das variáveis foi testada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Na comparação das médias foi aplicado o teste t-student e a análise de correlação de Speraman adotando-se nível de significância de 5% (p<0,05). O estudo foi submetido ao comitê de ética em pesquisa, obtendo aprovação sob número do parecer 5.782.712. Resultados: No que se refere as associações o volume de serviço apresentou correlação positiva com as questões do Neck Bournemouth Questionnaire 1, 2 e 3 (r=031 e p=0,004; r=031 e p=0,004; r=0,34 e p<0,001) referentes à dor cervical e incapacidade. Houve associação inversa estatisticamente significativa em praticamente todas as associações do NBQ com os domínios do WHOQOL-Bref, tendo uma variação nos valores superiores (r=-0,22; p=0,32) e valores inferiores (r=-0,60 e p<0,001). Além disso, houve correlação significativa entre sexo feminino e o domínio psicológico (p= 0,017); renda e domínio social e ambiente (r=0,26; p=0,011); horas de trabalho e qualidade de vida geral (r=-0,27; p=0,009). O volume de serviço correlacionou com o domínio físico (r=-0,25; p=0,015), o psicológico (r=0,20; p=0,049) e a qualidade de vida geral (r=-0,31; p=0,002); a mobília, com o domínio psicológico (r=-0,26; p=0,012) e os equipamentos se relacionaram com os domínios físico (r=-0,22; p=0,030) e psicológico (r=-0,28; p=0,006). Conclusão: Conclui-se que a tanto a dor cervical, quanto o ambiente de trabalho repercutem direta e significativamente na vida dos profissionais de saúde atuantes em UTI, comprometendo sua qualidade de vida.

Palavras-chave: Dor cervicalQualidade de vidaProfissionais da saúdeUnidade de Terapia IntensivaSaúde ocupacional