VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO: perfis e consequências a longo prazo na saúde das mulheres
Autor: Mercedes Elizabeth Mejia Lopez (Currículo Lattes)
Resumo
As consequências a curto prazo da violência pelo parceiro íntimo podem variar de agressão física à morte e, a longo prazo, incluem todos os tipos de doenças crônicas e transtornos mentais. O desconhecimento das consequências a longo prazo contribui para que as vítimas permaneçam no ciclo da violência, tornando-se usuárias recorrentes dos serviços hospitalares. Esta dissertação tem os seguintes objetivos: 1) Identificar, na literatura internacional e brasileira, as consequências a longo prazo da violência praticada pelo parceiro íntimo sobre a saúde da mulher; 2) Descrever os tipos de violência, o perfil da vítima e o perfil do agressor envolvido na violência por parceiro íntimo, com base nos registros extraídos de um serviço especializado de atendimento à mulher, sediado no sul do Brasil. Para responder ao primeiro objetivo, foi realizada uma revisão integrativa sobre o tema, utilizando os recursos técnicos do software Rayyan. Um total de 681 artigos publicados nas bases de dados PubMed, LILACS, Scopus e Web of Science, foram selecionados com base nos seguintes termos: "Neuroendocrinology", "Pathophysiology", "Psychobiology", "Neurobiology", "Immunological System" e "Hypothalamic- Eixo pituitário-adrenal". Após a remoção das duplicatas e exclusão dos estudos que não atenderam aos critérios de inclusão, foram selecionadas 39 publicações entre os anos de 2017 e 2023. Para o segundo objetivo, foram utilizados dados secundários do Grupo de Estudos e Pesquisas em Família, Enfermagem e Saúde. São dados que mostram o perfil das mulheres que, em 2019, foram vítimas de VPI, bem como o perfil do agressor e o tipo de violência ocorrida. Neste objetivo, a amostra foi de 162 registros (Boletim de Ocorrência), os quais foram analisados por meio de estatística descritiva. Os resultados da revisão indicam que há uma alta prevalência de transtornos mentais, sendo a depressão e o transtorno de estresse pós-traumático os mais comuns e que resultam em comportamentos negativos à saúde e diminuem a qualidade de vida das mulheres. Os resultados da análise de dados secundários mostram que os perfis mais representativos das vítimas eram mulheres solteiras de 21 a 30 anos com ensino fundamental e com filhos do agressor e mulheres casadas de 31 a 40 anos com ensino médio e com filhos de outro relacionamento. Quanto ao perfil do agressor, houve predominância de homens na faixa etária de 31 a 40 anos com ensino fundamental e médio, e que 26% dos casos consomem drogas e álcool, sendo cocaína e crack as drogas mais consumidas. Esta dissertação conclui destacando a importância das consequências para a saúde da violência entre parceiros íntimos a curto e longo prazo, os fatores de risco e os perfis mais representativos das vítimas e dos agressores. Para isso, foi desenvolvido o primeiro estudo, que identifica os possíveis sinais no desenvolvimento de uma doença. O segundo estudo visa identificar determinados perfis de mulheres que podem estar sofrendo abusos e têm medo de falar, bem como perfis de homens que cometem violência. No geral, tanto o estudo de revisão como a análise de perfil mostram que a violência sofrida pelas mulheres continua a ser uma questão importante e séria. A equipe de enfermagem precisa consolidar esse conhecimento para prestar atendimento oportuno às vítimas de VPI.