QUALIDADE DE VIDA, ENGAJAMENTO NO TRABALHO, BURNOUT E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM POLICIAIS MILITARES
Autor: Jacqueline Flores de Oliveira (Currículo Lattes)
Resumo
O presente estudo teve como objetivo principal investigar as condições de saúde relacionadas ao trabalho de policiais militares. Trata-se de um estudo censitário, observacional, transversal e descritivo, realizado com policiais militares pertencentes ao Comando de Policiamento do Interior - 5ª Região do Estado de São Paulo (CPI-5/SP) e ao 3º Batalhão de Polícia Militar do Estado do Paraná (3º BPM/PR). A coleta dos dados foi realizada entre janeiro e dezembro de 2018. A amostra foi composta por 773 policiais militares, sendo 506 pertencentes aos Batalhões de Polícia Militar do CPI-5 do Estado de São Paulo e 267 policiais do 3º Batalhão de Polícia Militar do Paraná. Os policiais responderam um instrumento elaborados pelos pesquisadores, contendo variáveis sociodemográficas e profissionais; e as versões traduzidas e validadas no Brasil da Escala Maslach Burnout Inventory (MBI), da Utrecht Work Engagement Scale (UWES), Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP) e do Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida da Organização mundial de Saúde (WHOQOL-bref). Os policiais avaliaram a sua qualidade de vida de forma positiva, embora apresentem perda relacionada ao domínio meio ambiente, indicando a possível presença de fatores negativos no ambiente laboral. Além disso, estes profissionais estão sujeitos a perdas na qualidade de vida, apontadas pela associação negativa da despersonalização e da exaustão emocional com os domínios da qualidade de vida. Observou-se, bons níveis de engajamento no trabalho, com destaque para os profissionais do CPI-5/SP, cujos escores foram significativamente maiores do que os obtidos pelos policiais do 3º BPM/PR. Os resultados evidenciaram que o ambiente laboral e o processo de trabalho dos policiais podem interferir nos níveis de engajamento no trabalho, causando sua redução ao longo da atuação profissional. Há um importante número de policiais com níveis elevados de despersonalização e exaustão emocional, o que representa risco para o desenvolvimento da Síndrome de Burnout. Contudo, a presença de altos níveis de realização pessoal representa um fator de proteção nestas Corporações. A principal estratégia de enfrentamento de problemas adotada pelos policiais é a focalizada no problema, fundamentada na adoção de comportamentos direcionados para a solução do problema e de estratégias cognitivas direcionadas para reavaliação e significação positiva do estressor. Há evidências de que a adoção das estratégias focalizadas no problema e baseadas no suporte social contribui para a diminuição dos níveis de despersonalização e exaustão emocional e o aumento dos níveis de realização pessoal. Portanto, os resultados obtidos comprovam a tese apresentada e confirmam que, apesar de possuírem bons níveis de engajamento no trabalho, os policiais militares apesentam perdas aspectos relacionados à qualidade de vida, estão sob risco de desenvolver Síndrome de Burnout e, para enfrentar as situações de estresse, adotam diferentes estratégias de enfrentamento, especialmente aquelas focalizadas no problema. Os resultados enfatizam a importância das estratégias de enfrentamento para o gerenciamento do estresse relacionado ao trabalho e para a promoção da saúde e do bem-estar do policial militar. O suporte organizacional para resolução de problemas e o apoio social podem auxiliar no desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento saudáveis, promovendo a saúde mental dos policiais.