Cargas de trabalho e desgastes dos trabalhadores na Atenção Primária à Saúde durante a pandemia da COVID-19
Autor: Laís Farias Juliano (Currículo Lattes)
Resumo
A pandemia da COVID-19 afetou drasticamente o mundo ao final de 2019. Os serviços de saúde se readequaram para assistir aos pacientes suspeitos e infectados, sendo a Atenção Primária à Saúde, especialmente as Unidades Básicas de Saúde, as portas de entrada para esses pacientes no Brasil. Os trabalhadores da saúde dessas unidades sentiram-se sobrecarregados e vivenciaram fatores geradores de cargas de trabalho durante sua atuação, repercutindo em desgastes à saúde. Este estudo objetivou analisar o perfil de trabalhadores da saúde atuantes durante a pandemia da COVID-19 em Unidades Básicas de Saúde e as exposições às Cargas de Trabalho; bem como analisar a associação entre as Cargas de Trabalho e os desgastes à saúde desses trabalhadores atuantes durante a pandemia da COVID-19. Estudo quantitativo, analítico, com delineamento transversal, realizado com 132 trabalhadores da equipe médica e de enfermagem atuantes durante a pandemia da COVID-19 nas Unidades Básicas de Saúde, distribuídas em 14 Estados Brasileiros e o Distrito Federal, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. A coleta de dados ocorreu de agosto a novembro de 2020, por meio de um questionário eletrônico via Google Forms e o link da pesquisa foi enviado aos participantes via WhatsApp, Messenger e Facebook. Os dados foram registrados em ambiente virtual, organizados, exportados e tabulados utilizando o Software Licenciado Microsoft Office Excel e posteriormente transferidos para o Statistical Package for the Social Sciences, versão 25.0. Realizou-se análise estatística descritiva, testes Kolmogorov-Smirnov, Shapiro-Wilk, U de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, qui-quadrado de Pearson, análise de cluster e ANOVA. Adotou-se p-valor <0,05 como significância estatística em todas as análises. Foram respeitados os princípios éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, conforme a Resolução 510/2016. Os resultados foram apresentados por meio de dois artigos: o primeiro verificou associação significativa entre sexo e frequência de exposição às cargas de trabalho químicas, biológicas, mecânicas, fisiológicas e psíquicas; entre as variáveis ambiente de trabalho e cargas de trabalho psíquicas; diferenças estatísticas entre as variáveis função e cargas de trabalho químicas e mecânicas; tempo de trabalho na unidade e turno de trabalho com a frequência de exposição às cargas de trabalho fisiológicas. A análise de cluster possibilitou quatro agrupamentos, realizados a partir das variáveis sociodemográficas e de atuação durante a pandemia da COVID-19. O segundo artigo evidenciou um aumento significativo dos desgastes à saúde entre os trabalhadores. Houve associações significativas entre as cargas de trabalho químicas, físicas, biológicas, mecânicas e fisiológicas e os desgastes à saúde, destacando-se as sobrecargas e subcargas psíquicas. Conclusão: os resultados possibilitaram visualizar as cargas de trabalho presentes nas Unidades Básicas de Saúde e os desgastes à saúde vivenciados pelos trabalhadores desses ambientes durante a pandemia da COVID-19, necessitando da implementação de políticas públicas e melhores condições laborais.