Tese - Jeferson Ventura

Assistência de enfermagem a mulheres usuárias de crack em Maternidade e Centro Obstétrico: representações sociais dos enfermeiros

Autor: Jeferson Ventura (Currículo Lattes)

Resumo

As gestantes usuárias de crack necessitam de apoio social com um olhar diferenciado e compreensivo, para que consigam enfrentar o medo e a inabilidade frente à problemática, sendo que os profissionais precisam dar-lhes suporte. Considera-se que a Maternidade e o Centro Obstétrico são setores do hospital providos de recursos de pessoal, material e financeiro para atender as demandas referentes à gravidez e o parto. Neste contexto objetivouse compreender as representações sociais dos profissionais de enfermagem que atuam em Maternidades e Centros Obstétricos acerca da assistência de enfermagem prestada à mulher grávida usuária de crack nos setores. Foi realizada uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa que teve como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici. Teve como contexto um hospital do sul do Brasil. Participaram 14 enfermeiros que atuam nesses setores. Os dados foram coletados no segundo semestre de 2018, por meio de entrevistas semiestruturadas e, após, submetidos à análise do Discurso do Sujeito Coletivo. Foi respeitada a Resolução 466/12 referente à realização de Pesquisas com Seres Humanos. Obtiveram-se representações acerca da frequência de atendimentos de mulheres usuárias de crack nos setores; das diferenças no comportamento das mulheresusuárias de crack em relação as não usuárias; da forma como as mulheres usuárias de crack são recebidas no setor; da diferença no trabalho de parto das mulheres usuárias de crack em relação as que não são usuárias; da percepção do cuidado que as mulheres usuárias de crack prestam ao recém-nascido no pós-parto; do cuidado familiar recebido pelas mulheres usuárias de crack durante a internação; da necessidade de cuidados que as mulheres usuárias de crack necessitam receber no setor; das dificuldades enfrentadas pela equipe para prestar assistência as mulheres usuárias de crack nos setores e da percepção da assistência prestada às mulheresusuárias de crack na Maternidade e Centro Obstétrico. Os dados possibilitaram concluir que o cuidado a mulher gestante usuária de crack na maternidade e centro obstétrico é complexo, exige capacitação da equipe de enfermagem para dar conta da necessidade de assistência. Verifica-se que as políticas públicas especificas para o atendimento a essas pessoas não dão conta da sua assistência. Os serviços especializados precisam se adequar para dar suporte a mulher gestante usuária de crack e sua família, constituindo-se como parte de sua rede de apoio social. Os profissionais de saúde precisam atuar junto às famílias para que esta à acompanhe a mulher durante a gestação e o recém-nascido após o parto. Confirmou-se a tese de que enfermeiros atuantes em maternidade e Centro Obstétrico possuem dificuldades no atendimento de mulheres usuárias de crack o que pode comprometer a qualidade da assistência prestada a elas e seus recém-nascidos. Espera-se que este estudo tenha permitido a discussão sobre o assunto, possibilitando aos profissionais atuantes nesses setores refletir sobre o cuidado prestado a essas mulheres, apontando possibilidades de qualificar sua assistência.

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