Tese - Juliane Scarton

Perfil de mortes maternas e estratégias utilizadas pelo enfermeiro para sua prevenção numa cidade ao sul do Brasil: perspectiva ecossistêmica

Autor: Juliane Scarton (Currículo Lattes)

Resumo

Objetivou-se analisar o perfil da mortalidade materna e as estratégias utilizadas pelo enfermeiro, para preveni-la, na perspectiva ecossistêmica. Este estudo ancorou-se nos princípios do paradigma ecossistêmico, cuja aplicabilidade fortaleceu a temática em estudo. Assim, teve-se a Tese: As estratégias utilizadas pelo enfermeiro para prevenir a morte materna, na perspectiva ecossistêmica, possibilitam a sua prevenção e redução. O percurso metodológico caracterizou-se como pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem quali-quantitativa. A coleta de dados foi realizada no primeiro semestre de 2018, utilizando-se de entrevista semiestruturada com 21 enfermeiros atuantes em consulta pré-natal em Unidades Básicas de Saúde do município do Rio Grande e, pesquisa documental. A pesquisa documental foi realizada a partir da análise das fichas de investigação dos nove óbitos maternos ocorridos no período de 2013 a 2017, presentes na Secretaria Municipal de Saúde do município e nos prontuários das mulheres falecidas nas instituições hospitalares que prestaram assistência às mulheres falecidas no referido período. Estes dados foram registrados em formulário construído para essa finalidade pelos pesquisadores e, após, analisados utilizando a Analise Estatística simples. Os dados das entrevistas foram analisadas pelo método de Análise de Conteúdo de Bardin. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande, sob o parecer nº 47/2018, nº 2.571.426. Resultados: o perfil dos nove óbitos maternos, quanto à faixa etária, apresentou idade entre 31 a 37 anos, de cor branca, residentes na área urbana, usuárias do Sistema Único de Saúde, atuantes no lar e ou comércio, com escolaridade entre ensino fundamental incompleto, médio e superior completo. A maioria das mulheres falecidas realizou pré-natal, porém, parcela significativa não cumpriu as recomendações Ministeriais ou os dados apresentaram incompletude. No atendimento ao parto/aborto a totalidade foi atendida em ambiente hospitalar, sendo um aborto provocado e oito partos, a via cesariana e o período a termo prevaleceram. A minoria apresentou intercorrências no trabalho de parto e parto sendo que a maior parte não dispunha desta informação. As mortes maternas prevaleceram no ambiente hospitalar, no período puerperal, sendo a maioria classificada como morte materna obstétrica por causas diretas. Como estratégias para prevenção da mortalidade materna, os enfermeiros relataram a importância de manter o acesso e acessibilidade da mulher ao pré-natal, contar com número suficiente de recursos humanos para realização de busca ativa, visitas domiciliares, grupo de gestantes. Capacitação e qualificação profissional, bem como, trabalho em conjunto com equipe interdisciplinar, trabalho em redes, sistema de referência e contra referência eficaz, uso de tecnologias relacionais, educação em saúde, dentre outras. Considerações finais: o estudo evidenciou que o perfil das mortes maternas, assim como, as estratégias utilizadas para prevenção da mortalidade materna, são interdependentes e que o sucesso para prevenção das mortes maternas depende de múltiplos fatores que estão interligados e se inter-relacionam mutuamente no ecossistema de cada uma das mulheres falecidas. Assim, destaca-se que os princípios ecossistêmicos utilizados, nesse trabalho, serviram de apoio e ancoragem ao longo do estudo.

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Palavras-chave: EnfermagemMortalidade maternaEstratégia de prevençãoPerspectiva ecossistêmica