Dissertação - Fernando Braga dos Santos

Estresse ocupacional e engagement em policiais militares

Autor: Fernando Braga dos Santos (Currículo Lattes)

Resumo

A profissão de policial militar é uma atividade de alto risco, uma vez que esses profissionais, no seu cotidiano, convivem com a violência, a brutalidade e a morte. Os policiais estão entre os profissionais que mais sofrem de estresse, pois estão constantemente expostos ao perigo e à agressão, devendo intervir em situações de muito conflito e tensão. Este estudo é vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Epidemiologia, Gestão e Trabalho em Saúde (GEPEGeTS), da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, e resulta do macroprojeto "Estresse, qualidade de vida, satisfação no trabalho, estratégias de enfrentamento e burnout entre policiais militares". Teve como objetivo investigar os níveis de estresse ocupacional e engagement de policiais militares. Foi realizada uma pesquisa quantitativa, transversal, entre policiais do 3º Batalhão de Polícia Militar do Paraná. A população foi constituída pelos policiais militares do 3º Batalhão de Polícia Militar do Paraná que, após convidados, aceitaram participar do estudo. Foram excluídos os profissionais que estavam de férias ou afastados das atividades profissionais no período da coleta dos dados. Os dados foram coletados em 2018, utilizando três instrumentos: um instrumento elaborado pelos pesquisadores para coletar informações sobre o perfil sociodemográfico e profissional dos policiais; a Escala de Estresse no Trabalho, composta de 23 afirmativas negativas, com uma escala de cinco pontos, variando desde "discordo totalmente" a "concordo totalmente"; e a Utrecht Work Engagement Scale, composta por 17 itens que avaliam o nível de satisfação do indivíduo com o trabalho. Participaram 268 policiais, sendo 227 (84,7%) homens, faixa etária predominante de 31 a 40 anos (46,6%), ensino superior incompleto (45,1%), casados (67,6%), soldados (82,8%), em funções operacionais (70,1%) e trabalho em turnos de escalas (72,4%). Cento e quarenta e seis (54,5%) policiais atuavam na polícia militar entre três e 10 anos. Cento e vinte e cinco (46,7%) policiais apresentaram níveis importantes de estresse ocupacional. Os aspectos estressores, segundo a percepção dos policiais militares foram: falta de perspectivas de crescimento na carreira (3,7;±1,3); deficiência nos treinamentos profissionais (3,4;±1,2); presença de discriminação/favoritismo no ambiente de trabalho (3,1;±1,4); longas jornadas de trabalho (3,0;±1,4); forma de distribuição das tarefas (2,7;±1,1); tipo de controle (2,7;±1,1); deficiência na divulgação de informações sobre decisões organizacionais (2,7;±1,2); baixa valorização por superiores (2,7;±1,2); falta de autonomia na execução do trabalho (2,6;±1,1). Os níveis de engagement dos policiais variaram de 3,8 [médio] a 4,1 [alto]. Correlação fraca entre estresse ocupacional e as dimensões Absorção (r: -0,284; p<0,001) e Escore geral (r: -0,393; p<0,001) e moderada com as dimensões Vigor (r: -0,422; p<0,001) e Dedicação (r: -0,414; p<0,001). Concluiu-se que há um importante número de policiais militares com estresse ocupacional que, no entanto, apresentam bons níveis de engagement, especialmente no domínio Dedicação, ou seja, são profissionais altamente entusiasmados, inspirados e orgulhosos com o trabalho policial. O estudo contribui para a implementação de estratégias que estimulem o desenvolvimento dos aspectos positivos e reduzam a influência dos negativos, melhorando a saúde e a qualidade de vida dos policiais.

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Palavras-chave: Estresse ocupacionalEngajamento no trabalhoMilitaresPolícia militar