Cargas de trabalho e estresse em enfermeiros de unidades hospitalares de urgência e emergência
Autor: Elisa de Vargas (Currículo Lattes)
Resumo
Este estudo apresenta a relação de fatores relacionados ao processo de trabalho com o surgimento de cargas de trabalho e estresse em unidades de urgência e emergência hospitalares. Tendo como objetivos identificar a carga de trabalho relativa ao tempo destinado ao desenvolvimento de atividades pelos enfermeiros e analisar as cargas de trabalho na produção do estresse presente na organização do trabalho. Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em unidades de urgência e emergência de quatro hospitais da metade sul do Rio Grande do Sul, nos meses de março, abril, maio e julho de 2019. Participaram do estudo 25 enfermeiros, de um total de 40 que constituem o quadro funcional das unidades estudadas. Foram quantificadas as atividades e direcionamentos dos pacientes atendidos no período de 15 dias, totalizando 4.535 relacionadas aos pacientes que receberam algum tipo de cuidado nas unidades, mas que não permaneceram internados; e quantificadas as atividades desenvolvidas com 305 pacientes que permaneceram nas enfermarias. Foi utilizada triangulação de dados para identificar as cargas de trabalho e o estresse presentes no processo de trabalho do enfermeiro. Na coleta de dados foram aplicados cinco instrumentos, sendo três direcionados aos enfermeiros que trabalham nas unidades pesquisadas, e dois aos cuidados prestados aos pacientes das unidades, um para o registro dos atendimentos a partir da classificação de risco, com direcionamento, tipo de cuidado e tempo de permanência e o outro para mensurar a carga decorrente do cuidado direcionado aos pacientes que permanecerem em observação na unidade, o Escore de Atividades de Enfermagem. Na análise, os dados referentes ao perfil sócio demográfico foram descritos e apresentados de forma tabulada. As cargas de trabalho foram analisadas a partir do cálculo do tempo de enfermagem dedicado para a execução das atividades de enfermagem nele listadas, num período de 24 horas nos pacientes das enfermarias e foram analisados mediante estatística descritiva (frequência relativa e absoluta) e medida de variabilidade (desvio padrão) e, a carga de trabalho resultante do fluxo de pacientes assistidos na unidade e do tipo de cuidado demandado a esses foi identificada por meio do cálculo do total de pacientes/enfermeiros/turno. O estresse dos enfermeiros foi identificado de acordo com o cálculo dos percentuais do JSS. Os dados destas etapas foram tabulados em planilha do Excel e posteriormente tratados utilizando o programa "Statistical Package for the Social Sciences" SPSS versão 20.0. Foram considerados significativos os valores com significância acima de 95% (p<0,05). Foi realizado o cruzamento dos dados, respectivos a carga de trabalho relacionado ao tempo de assistência e sua relação com a geração de estresse. Foram respeitados os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos contidos na Resolução 466/2012. O estudo possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde - CEPAS da Universidade Federal do Rio Grande sob o número 1.390.483. Foi identificado excesso de carga de trabalho em todos os hospitais pesquisados. Do total de enfermeiros apenas 20% fazem pausa para o descanso no turno, mesmo que 65% tenham referido que existe local apropriado para este. Na demanda proveniente dos casos transeuntes, na totalidade dos hospitais pesquisados, foram identificados consultas médicas e casos que não se caracterizavam como urgentes e emergentes.