Dissertação - Juliana Piveta de Lima

Letramento Funcional em Saúde e fatores associados de pessoas idosas cadastradas na Estratégia de Saúde da Família

Autor: Juliana Piveta de Lima (Currículo Lattes)

Resumo

Atrelado ao aumento da população idosa está o crescimento relativo das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que afetam em maior prevalência este segmento da população e são responsáveis por elevados índices de óbitos. Além de se considerar os cuidados permanentes que são necessários para pessoas em condições crônicas, faz-se necessária uma abordagem mais adequada e efetiva, utilizando-se de uma linguagem simples e clara quanto às orientações em saúde fornecidas para o autocuidado. Torna-se importante a avaliação do Letramento Funcional em Saúde, já que a compreensão de informações de saúde poderá interferir nos desfechos clínicos, de modo que, a diminuição da capacidade de autogestão, a falta de conhecimentos e habilidades relacionadas à saúde podem ser consideradas como uma barreira para a adoção de comportamentos saudáveis e na prevenção ou gerenciamento de doenças agudas e crônicas. São objetivos deste estudo: caracterizar o perfil sociodemográfico, de saúde e o uso de medicamentos das pessoas idosas atendidas na Estratégia de Saúde da Família no município de Rio Grande/RS; avaliar o Letramento Funcional em Saúde das pessoas idosas atendidas na Estratégia de Saúde da família no município de Rio Grande/RS; e identificar se há associação entre Letramento Funcional em Saúde e as variáveis sociodemográficas, de saúde e o uso de medicamentos. Trata-se de um estudo que integra o macroprojeto intitulado "Relação entre letramento funcional em saúde, adesão à medicação e funcionalidade em pessoas idosas na estratégia saúde da família". O macroprojeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa na Área da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande, obtendo o parecer favorável de número 93/2017 e posteriormente ao Núcleo Municipal de Educação Permanente em Saúde Coletiva da secretaria de município de saúde de Rio Grande/RS, obtendo o parecer favorável de número 013/2017. Foi realizado um estudo transversal, exploratório-descritivo, quantitativo, em 17 equipes de saúde da família, na zona oeste do município de Rio Grande/RS. A amostra foi de 350 pessoas idosas. A coleta dos dados ocorreu de julho a dezembro de 2017, por meio da aplicação de dois instrumentos: um de caracterização sociodemográfica e de saúde; e uma versão traduzida e adaptada para a realidade brasileira do Short-Test of Functional Health Literacy in Adults, que verificou o grau de letramento funcional em saúde. Foi realizada uma análise estatística descritiva; e, uma análise estatística inferencial, utilizando os testes ANOVA, teste qui-quadrado, e uma regressão linear múltipla. Foram respeitados todos os preceitos éticos da resolução 466/2012. Dentre as 350 pessoas idosas entrevistadas, a maioria das participantes do estudo tinha entre 60-69 anos (64%), eram do sexo feminino (67,4%), brancas (66%) e não tinham companheiro (54,9%). Quanto a escolaridade, possuíam mais de 4 anos de estudo (62%), não exerciam atividade remunerada (76,6%) e tinham como renda familiar mais do que um salário mínimo (63%). A pontuação média de Letramento Funcional em Saúde foi de 51,9, o que corresponde a inadequado, com uma pontuação mínima de 2 e máxima de 100 pontos na escala. Houve relação estatística significativa com o Letramento Funcional em Saúde e as variáveis faixa-etária, sexo, anos de estudo, renda, doenças crônicas, número de internações, uso de medicação não prescrita, receber informação do médico, não receber informação de nenhum profissional, utilizar a internet, vizinhos/amigos/parentes, revistas/livros e panfletos como fontes de informação em saúde (p<0,005). As doenças crônicas mais frequentes foram hipertensão, diabetes, cardiopatias e doença músculo esquelético. Não houve relação estatística significativa entre o Letramento Funcional em Saúde, hábitos de saúde, doenças crônicas e o uso de medicamentos (p>0,005). Os resultados deste estudo demonstram quetanto o enfermeiro, quanto os demais profissionais da saúde, ao realizarem atividades de educação em saúde, devem atentar para os motivos que podem levar a um baixo Letramento Funcional em Saúde de pessoas idosas, a fim de minimizar os impactos negativos que possam ser ocasionados pela dificuldade na compreensão das orientações em saúde e comprometer a qualidade de vida e o envelhecimento ativo desta população.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: EnfermagemAlfabetização em saúdeEducação em saúdeEstratégia Saúde da FamíliaUso de medicamentosIdosos