Riscos ocupacionais e acidentes de trabalho entre trabalhadores do serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU 192): um estudo no estado do Rio Grande do Sul.
Autor: Leonardo Salomão Goulart (Currículo Lattes)
Resumo
O estudo objetivou identificar a percepção de risco e os acidentes de trabalho no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e analisar a associação entre os acidentes de trabalho e os riscos ocupacionais observados pelos trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Trata-se de um estudo quantitativo e analítico, com delineamento transversal, realizado com os trabalhadores do SAMU 192 que compõem as equipes móveis atuantes no estado do Rio Grande do Sul. Atualmente, 160 municípios contam com o serviço em funcionamento sendo coordenados por uma das cinco Centrais de Regulação Médica sendo elas: Central Reguladora de Bagé. Central Reguladora de Pelotas, Central Reguladora de Caxias do Sul, Central Reguladora Metropolitana e Central Reguladora de Porto Alegre. A amostra do estudo foi constituída por 265 trabalhadores: 87 técnicos ou auxiliares de enfermagem, 83 enfermeiros, 72 condutores de ambulância, 19 médicos e quatro condutores de motolância. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário eletrônico enviado por e-mail aos participantes da pesquisa e as análises serão tratadas através do software Statistical Package for the Social Sciences v24 por meio de testes estatísticos descritivas a partir de frequência absoluta e percentual dos dados, e testes de associação (Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis) com nível de significância estatística de =0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na área da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande sob o parecer nº 118/2015. Os resultados foram apresentados em forma de dois artigos sendo eles: "Percepção de riscos e acidentes de trabalho no ambiente pré-hospitalar", onde identificou-se que os trabalhadores pesquisados, percebem a presença de diversos riscos ocupacionais durante a realização do processo de trabalho no ambiente pré-hospitalar, especialmente o contato a sangue, exposição à secreção/excreção contaminadas, manuseio e contato com produtos de higienização, exposição a bactérias, levantamento e transporte manual de peso e exposição a vírus. Ainda, houve uma diferença estatística significativa entre variável sexo e a percepção de risco ocupacional quanto a ansiedade, esgotamento psíquico e probabilidade de incêndio e explosão. Os dados também demonstraram uma diferença estatística significativa de percepção de risco entre os trabalhadores que sofreram e os que não sofreram acidentes de trabalho para os riscos químicos, físicos, ergonômicos ou psicológicos e de acidentes. Com o artigo "Associação entre os acidentes de trabalho e os riscos ocupacionais observados pelos trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência", verificou-se uma associação significativa entre ocorrência de acidente de trabalho e categoria profissional sendo os condutores de motolância os mais afetados pela ocorrência destes acidentes ocupacionais. A mesorregião com maior diferença significativa de associação com a ocorrência de acidentes laborais foi a região metropolitana de Porto Alegre. Nas associações significativas entre os acidentes de trabalho e os riscos ocupacionais, destacaram-se os acidentes com perfuro cortantes e a arranjo físico inadequado, agressão física e verbal, sobrecarga de trabalho, estresse, acidente de trânsito no deslocamento e iluminação inadequada, quedas e esgotamento psíquico. Também foi verificada a associação significativa entre a ocorrência de acidente de trabalho e os afastamentos do trabalho. Conclui-se que são as ações de atenção à saúde devem ser estimuladas para a promoção de espaços de reflexão acerca da presença dos ricos ocupacionais e da potencialidade destes riscos resultarem em acidentes de trabalho.