Dissertação - Jéssica da Silva Reis Ferreira

Kanban como tecnologia de cuidado e gestão de leitos no serviço de pronto atendimento de um hospital universitário

Autor: Jéssica da Silva Reis Ferreira (Currículo Lattes)

Resumo

A superlotação tem sido caracterizada como um fenômeno mundial nos Serviços de Emergência e de Pronto Atendimento nos hospitais, constituindo-se num problema de saúde pública que se reflete nos processos de trabalho. Tem-se como objetivos construir e implementar o Kanban como tecnologia de cuidado para o fortalecimento do trabalho da saúde de um Serviço de Pronto Atendimento em um Hospital Universitário do Sul do Brasil e produzir conhecimentos acerca de tecnologias de cuidado que contribuam para a humanização dos trabalhadores, a desospitalização e a qualidade do cuidado dos usuários. Tem-se como questão norteadora investigar: Como a construção e a implementação de uma tecnologia de cuidado como o Kanban pode contribuir para o fortalecimento do trabalho da saúde e o gerenciamento de leitos de um Serviço de Pronto Atendimento? Trata-se de uma pesquisa-ação, desenvolvida com trabalhadores da saúde de um Serviço de Pronto Atendimento, com duas abordagens: uma qualitativa, numa aproximação coma proposta metodológica de Freire, e outra quantitativa, cujos dados foram obtidos a partir da aplicação do Kanban e analisados por meio de estatísticas descritivas. Foi respeitada a Resolução N° 466/2012 sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, obtendo-se a aprovação do CEPAS nº 50/2016.Foram monitoradas 307 internações, durante o período de quatro meses, das quais 98,7%foram realizadas por motivos clínicos. Os trabalhadores apontaram como entraves para o andamento das internações a espera por exames e a vulnerabilidade social dos usuários, expressaram também diferentes níveis de entendimento acerca da proposta do Kanban e acreditam que esta ferramenta auxiliaria na diminuição da superlotação, necessitando, entretanto, ser melhor divulgada. No que se refere as 307 internações monitoradas, durante o período de quatro meses, 98,7%foram realizadas por motivos clínicos. Evidenciou-se a importância da participação de parte da equipe de saúde na construção de tecnologias de cuidado como ferramentas de gestão, tornando-se possível influenciar na taxa de permanência do estabelecimento de saúde investigado. Destacou-se uma disparidade entre o tempo de duração das internações preconizado pelo e o tempo que elas efetivamente duraram. Ao longo da aplicação do Kanban, o tempo de internação no SPA passou de 14,2 dias para 9,7 dias, assim como o tempo de internação no hospital reduziu de 23,5 dias para 15,9 dias; da mesma forma, as internações classificadas como dentro do período ideal passaram de 0 para 13,1%.

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