Dissertação - Maria Luzia Machado Godinho

Diretivas antecipadas de vontade sob a ótica dos estudantes de graduação em enfermagem

Autor: Maria Luzia Machado Godinho (Currículo Lattes)

Resumo

Este estudo objetivou compreender qual a percepção dos estudantes de enfermagem acerca das Diretivas Antecipadas de Vontade e conhecer a percepção dos estudantes de enfermagem acerca do protagonismo do enfermeiro frente às Diretivas Antecipadas de Vontade. Pesquisa de abordagem qualitativa de cunho exploratório-descritivo, que foi realizada junto à Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande, com estudantes de cada série (5ª a 10ª semestres) do Curso de Graduação. A coleta de dados ocorreu por meio da técnica de grupo focal, sendo realizados três encontros com duração média de uma hora e meia. A coleta teve início após aprovação do Comitê de ética sob parecer número 134/2017. Os dados foram submetidos à Análise Textual Discursiva. A partir da análise foram elaborados dois artigos. Relacionado à percepção dos estudantes de enfermagem acerca das Diretivas, emergiram duas categorias. Dentre os positivos, a Diretiva Antecipada de Vontade é vista como uma promovedora de morte digna, minimizadora da futilidade terapêutica, apoio familiar junto à equipe para dar voz ao paciente e a importância desse momento de discussão no meio acadêmico, contribuindo para discussão ao seio familiar. Como aspectos negativos foram elencados: a sensação de fracasso profissional, a omissão do profissional diante do estado de saúde do paciente, a mecanização do cuidado. De acordo com o papel do enfermeiro frente às Diretivas, emergiram duas óticas acerca das relações do enfermeiro com as Diretiva, sendo a primeira delas que compõe os elementos necessários para as relações do exercício profissional frente às Diretivas, o conhecimento técnico científico, segurança profissional e respaldo legal, autonomia profissional, protagonismo do enfermeiro, e instrumentalização profissional. A segunda diz respeito às relações do enfermeiro com paciente/família/equipe, dentre elas compreende-se, o vínculo como forma de despertar a comunicação do desejo do paciente, crenças pessoais e pré-conceitos, interlocutor entre os atores da Diretiva, sensibilização diante da temática, executar a advocacia do paciente, promover a autonomia do paciente e incitar discussões em equipe, educação permanente entre a equipe com intuito de atualização do conhecimento. Percebe-se que mesmo convivendo com algumas situações que remetam a temática em parte, os estudantes de enfermagem ainda ficam receosos e sensibilizados ao discorrer sobre Diretivas Antecipadas de Vontade. Dificuldade essa identificada por eles, principalmente, por fatores culturais muito fortes e em relação a pouca exposição do tema no seu processo de formação. Considera-se, também, que os fatores negativos elencados conseguem nos mostrar que todos eles têm a ver com fatores intrínsecos ao ser desses estudantes, fatores culturais e sociais que ainda estão muito entranhados nos nossos ensinamentos. Ainda, é pouco trilhada a implementação de discussões desse cunho dentro dos instituições de ensino. Em relação ao papel do enfermeiro, foram expostos alguns anseios em relação à segurança profissional e respaldo legal que refletem também, as mesmas dúvidas, dos profissionais que prestam assistência a esses pacientes em fim de vida, pela falta de suporte que é dado aos profissionais para tomadas de decisões importantes para com a vida/morte do outro.

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Palavras-chave: EnfermagemÉticaMorteEstudantes de enfermagem