Tese - Cristiano Pinto dos Santos

A adaptação do enfermeiro à cultura organizacional : uma imersão nas formas de produção de subjetividades.

Autor: Cristiano Pinto dos Santos (Currículo Lattes)

Resumo

O processo de trabalho do enfermeiro deve suplantar qualquer forma de articulação estanque em suas práticas, pois suas ações necessitam de um planejamento contextualizado, para que se possa identificar, envolver e apreender as subjetividades inerentes a este processo, além de produzir sua subjetividade de maneira singular. Estar normalizado à cultura organizacional pode indicar adaptação ao processo de trabalho instituído, adotando um código de comandos de poder e saber, em que os conhecimentos científicos não se apresentam como instrumento de enfrentamento, frente ao processo estabelecido. Suas propriedades, que poderiam gerar enfrentamentos, são utilizadas para a normalização de sua condição e não para um entorpecimento ou modificação da cultura organizacional. Desta forma, defende-se a seguinte tese: O enfermeiro, independentemente do tempo, instituição de origem de sua formação e cursos de pós-graduação realizados, ao ser admitido em uma instituição hospitalar, geralmente, se adapta à cultura organizacional como uma estratégia de normalização, que parece inibir sua produção de subjetividade, dificultando assim, a realização de ações transformadoras que promovam um cuidado de qualidade. Este estudo teve como objetivo geral conhecer os fatores que envolvem a adaptação do enfermeiro à cultura organizacional, em uma perspectiva de modos de produção de sua subjetividade. Foi realizada uma pesquisa de cunho qualitativo, desenvolvida no contexto de um Hospital. Os participantes do estudo foram 12 enfermeiros, sendo a pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande (CEPAS-FURG) sob parecer número 41/2015. Os dados foram tratados pelo método de análise de conteúdo proposto por Bardin. Com os resultados foi possível constatar que existem alguns fatores principais que influenciam a adaptação do enfermeiro à cultura organizacional: a força da instituição hospitalar; a conduta de enfermeiros mais antigos sobre mais novos; o medo de perder o emprego; mudança da função de técnico de enfermagem para enfermeiro; a formação acadêmica; pouca autonomia no trabalho; pensamento político enfraquecido por parte do enfermeiro; identidade unificada pelo sistema dominante; culpabilização; falta de integração dos enfermeiros; atividades burocráticas; ambição profissional limitada; valorização do capital financeiro. O enfermeiro, ao mergulhar no ambiente hospitalar, veste o uniforme subjetivo padrão, expressando minimamente suas ferramentas contra-hegemônicas, unificando ainda mais os comportamentos singulares que podem promover uma protrusão com a ordem capitalista. Dessa forma, coíbe alguns processos que poderiam se tornar inovadores e atuais, evitando a possibilidade de ser visto como um ser marginalizado, que não se encaixa nas leis do trabalho. Aprofundar o estudo das questões que envolvem o trabalho do enfermeiro é fundamental e, acredita-se, que os pontos destacados precisam de estudos permanentes, não se encerrando com os resultados desta tese, pois o contexto de trabalho do enfermeiro é diversificado e dinâmico e a forma como o enfermeiro vem produzindo e reproduzindo subjetividade merece estudos fartos e impetuosos.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: EnfermagemAdaptaçãoCulturaProdução de subjetividade