Tese - Paula Pereira de Figueiredo

Estratégias de implementação do processo de enfermagem: contribuições de estudantes de enfermagem nos ambientes de prática de ensino e assistência

Autor: Paula Pereira de Figueiredo (Currículo Lattes)

Resumo

Diante das dificuldades de implementação do Processo de Enfermagem (PE) num Hospital Universitário (HU), teve-se como objetivo geral nesta pesquisa problematizar o trabalho da enfermagem numa Unidade de Clínica Médica (UCM) e as dificuldades de implementação do PE, sob a ótica de estudantes do Curso de Enfermagem, a partir do estímulo ao seu protagonismo para a transformação da realidade social em que se inserem. Utilizou-se a Metodologia da Problematização (MP), sendo o Arco de Maguerez a estratégia de coleta de dados, a qual aconteceu de outubro/2012 a fevereiro/2013. Essa metodologia contempla cinco etapas: observação da realidade; pontos-chave; teorização; hipóteses de solução e aplicação à realidade. Participaram diretamente da pesquisa 15 estudantes e, indiretamente, oito enfermeiras da UCM. Ao todo, foram realizados oito Encontros de Problematização, que foram gravados em equipamentos de áudio e vídeo, mediante o consentimento dos participantes.As informações foram transcritas e analisadas a partir da análise textual discursiva, à medida que os encontros foram realizados.A observação da realidade demonstrou potenciais e fragilidades no trabalho das enfermeiras, salientando que falta a Sistematização da Assistência de Enfermagem e que o PE não é usado para orientar o seu trabalho. Na etapa de teorização, refletiu-se sobre os conceitos de subjetividade capitalística e processos de singularização, o que serviu de subsídio para a construção de estratégias de organização e mediação do trabalho, com enfoque na sua divisão; em normas, rotinas e fluxos; dimensionamento de pessoal; informatização; diálogo; educação permanente/continuada/em saúde e “intervenção” do Estado. Essas estratégias foram apresentadas a cinco enfermeiras na etapa de aplicação à realidade, obtendo-se a validação de algumas e a refutação de outras, com certa resistência das enfermeiras sobre as características do trabalho observadas pelos estudantes. A partir de situações do trabalho discutidas com os estudantes, verificou-se a manifestação individual do desejo, o desenvolvimento de uma revolução molecular e a construção de agenciamentos como processos de singularização presentes na contribuição deles para a implementação do PE. Chegou-se à conclusão de que o estudante de enfermagem não quer se adaptar a quadros preestabelecidos que reforcem as dificuldades de implementação do PE, já que contesta o dimensionamento de pessoal, a organização do trabalho da enfermagem e de outros serviços do hospital, bem como a adaptação da enfermeira e o interesse da gestão hospitalar no PE. Concluiu-se, também, que é preciso tornar consciente a presença e a influência da subjetividade capitalística no trabalho, para que o PE seja operacionalmente pensado e vivido por trabalhadores e estudantes, no HU. Ademais, a MP conseguiu aliar potenciais benefícios aos estudantes, à prática assistencial e à ciência da enfermagem, já que contemplou o retorno dos resultados à realidade de onde o problema foi extraído. Portanto, foi possível confirmar a tese de que os estudantes são capazes de contribuir com estratégias para a implementação do PE, pois são formadores de opinião, sujeitos de ação e de transformação e têm o desejo de fazer uma enfermagem melhor e diferente, com mais autonomia, crítica e reflexão no seu processo de trabalho.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: EnsinoTrabalhoEnfermagem