Dissertação - Andrea Basilio Dias

Forças da família na convivência com um de seus membros com transtorno mental

Autor: Andrea Basilio Dias (Currículo Lattes)

Resumo

A reestruturação da assistência psiquiátrica no Brasil atribuiu à família papel fundamental no processo da reinserção social da pessoa com transtorno mental. Cabe a ela cuidar do seu familiar doente e incentivá-lo a recuperar a autonomia e a cidadania. Algumas famílias, diante das dificuldades impostas por tal papel, podem se desorganizar, ocasionando o rompimento dos laços familiares, o abandono, a negligência e a rejeição do familiar doente. Outras, ao contrário, mantêm as relações de apoio e afeto entre seus membros. Esse modo de funcionamento evidencia a existência de certas forças que as capacitam a administrar as adversidades apresentadas ao longo do processo de reinserção do familiar com transtorno mental. O objetivo do presente estudo é identificar as forças que capacitam às famílias das pessoas com transtorno mental a lidarem com as exigências que a convivência diária com o referido transtorno impõe. O Referencial Teórico utilizado é a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner, a qual possibilita visualizar as interações entre as pessoas no microcontexto familiar e em outros ambientes, entendendo que as mesmas são fundamentais no processo de reinserção social da pessoa com transtorno mental. Metodologia: trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, desenvolvida com seis famílias de pessoas com transtorno mental vinculados a um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Todas expressaram sua concordância em participar do estudo através da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Distinguem-se por serem frequentadoras das reuniões destinadas ao atendimento dos familiares de usuários do CAPS e por realizarem algum tipo de atividade na comunidade na qual estão inseridas. Os dados foram coletados entre 2009 e 2010, através de entrevista semiestruturada e após, submetidos à Análise de Conteúdo. Os resultados, de um lado, apontaram como forças para essas famílias o tempo compartilhado, o afeto, os saberes acumulados na convivência com a pessoa com de transtorno mental, a igreja e o CAPS. Por outro lado, identificou-se que o modelo de assistência psiquiátrica asilar está sendo reproduzido no microcontexto de uma das famílias participantes do estudo, sem que tal prática seja visualizada pelos profissionais do CAPS. Conclui-se que as forças das famílias se manifestam no microcontexto e em outros ambientes nos quais a família interage; que elas possuem potencialidades, as quais, ao serem mobilizadas, tornam-nas competentes para lidar com as dificuldades do cotidiano. Considera-se o enfermeiro como profissional capaz de identificar os processos familiares pela possibilidade de inserção no contexto das famílias; nesse sentido, torna-se capaz de ajudá-las a manter o cuidado ao seu familiar doente e a criar um contexto favorável para a reinserção do mesmo e para a qualidade de vida das famílias que ainda não conseguiram alcançar o cuidado esperado.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: EnfermagemRelações familiaresFamíliaSaúde mentalTranstornos mentaisSaúde da famíliaDesinstitucionalização