Dissertação - Josefine Busanello

As práticas humanizadas no atendimento ao parto de adolescentes: análise do trabalho desenvolvido em um Hospital Universitário do extremo sul do Brasil

Autor: Josefine Busanello (Currículo Lattes)

Resumo

Este estudo, de abordagem qualitativa e quantitativa, tem como objetivo analisar as práticas desenvolvidas na assistência à parturiente adolescente em um Centro Obstétrico (CO) de um Hospital Universitário do extremo sul do Brasil, com base na proposta de humanização do parto preconizada pelo Ministério da Saúde (MS), a partir do relato dos próprios trabalhadores da saúde. O cenário investigativo foi o CO do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Júnior, do município do Rio Grande/RS. Utilizou o banco de dados do macroprojeto de pesquisa intitulado: “Atenção humanizada ao parto de adolescentes”, ao qual está vinculado. Os dados foram coletados no período de julho de 2008 a fevereiro de 2009, por meio de duas fontes: entrevista semiestruturada e pesquisa documental. Foram analisados 128 prontuários das adolescentes parturientes, atendidas nesse período no CO em estudo. Os sujeitos do estudo foram vinte e três trabalhadores atuantes no CO deste hospital, dentre eles, 6 médicos residentes, 7 médicos preceptores, 4 enfermeiras e 6 técnicos/auxiliares de enfermagem. Na análise quantitativa, após a descrição da amostra estudada, foram calculadas as proporções para as variáveis categóricas, segundo a categoria funcional. Diferenças entre proporções foram testadas pelo teste estatístico de Fisher (p< 0,05). A apreciação qualitativa dos dados foi realizada por meio da análise temática. Para a discussão foi estabelecido uma correlação com as orientações do MS acerca da proposta de parto humanizado. A partir do relato dos trabalhadores, evidenciou-se a realização de práticas úteis na assistência ao parto, dentre elas, as orientações sobre formas de relaxamento no trabalho de parto, o incentivo ao vínculo precoce entre mãe e filho e a amamentação. Porém, o direito à presença do acompanhante e o envolvimento da parturiente na escolha do tipo de parto não vem sendo considerados. A posição de litotomia e a padronização da tricotomia, episiotomia e amniotomia, também foram relatadas. O registro dos prontuários foi insatisfatório, considerando o partograma, a vigilância fetal, a anamnese e o exame físico e obstétrico da parturiente. Os fatores que dificultam a implementação das práticas preconizadas são a não sensibilização dos trabalhadores e a falta de infraestrutura do CO. Evidenciaram-se concepções semelhantes entre as categorias funcionais em relação à assistência ideal no CO às adolescentes, tais como importância da adequação física do CO, da organização do trabalho, da presença do acompanhante e das relações de respeito. Os trabalhadores da enfermagem ressaltaram as especificidades da parturiente adolescente, destacando a importância do direito ao acompanhante, do comportamento solidário e do respeito aos sentimentos da parturiente. Alguns aspectos que são preconizados, não despontaram no relato dos trabalhadores: a prevenção da mortalidade materna e neonatal, o contato precoce entre mãe e filho, a amamentação na primeira hora de vida e o respeito à autonomia da mulher. Destaca-se a importância deste estudo, ao abordar as práticas desenvolvidas no atendimento à parturiente adolescente, na perspectiva dos trabalhadores da saúde, considerando que estes são os principais responsáveis pela implementação de uma assistência humanizada.

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