Dissertação - Alexander Garcia Parker

O uso popular das flores de Brugmansia suaveolens (G.DON.), solanácea, com finalidade terapêutica : investigação experimental do mecanismo de ação da atividade antinociceptiva

Autor: Alexander Garcia Parker (Currículo Lattes)

Resumo

As plantas têm sido, desde a antiguidade, um recurso terapêutico ao alcance da civilização humana. O conhecimento popular acerca das plantas, repassado através de gerações, possibilita a identificação de fontes naturais de compostos químicos importantes para a obtenção de novos fármacos. No município do Rio Grande, RS, a Brugmansia suaveolens, popularmente conhecida como “trombeteira” ou “cartucheira”, é uma planta utilizada como droga psicoativa e que teve evidenciada, em 2004, importante atividade analgésica através de estudos realizados na Fundação Universidade Federal do Rio Grande- FURG. O presente trabalho teve por objetivo investigar o mecanismo pela qual se processa a referida atividade, utilizando-se para isso modelos farmacológicos de nocicepção e de comportamento em camundongos. Observou-se, através dos testes das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético e da placa quente, importante atividade antinociceptiva no extrato aquoso das flores de Brugmansia suaveolens (EABs), quando administrado nas doses de 100 e 300 mg/kg via intraperitoneal, reforçando os resultados obtidos em trabalho anterior (PARKER, 2004). No entanto, tal atividade antinociceptiva, quando investigada no teste da placa quente, foi significativamente reduzida pelo prétratamento dos animais com naloxona (antagonista dos receptores opióides), principalmente quando a dose do extrato testada foi de 300 mg/kg. Tal inibição da atividade do extrato não foi evidenciada em relação ao pré-tratamento dos animais com naloxona no teste das contorções abdominais. Quanto à participação do óxido nítrico no mecanismo da antinocicepção, o pré-tratamento com L-NAME (inibidor da óxido nítrico sintase) bem como o pré-tratamento com azul de metileno (inibidor da guanilato ciclase) não foram capazes de reverter o efeito antinociceptivo do EABs. Na investigação do envolvimento do sistema nervoso central no mecanismo antinociceptivo do EABs, foi realizado o teste da indução do sono em camundongos, onde os animais tratados somente com água e pentobarbital (barbitúrico) permaneceram acordados. Já os animais tratados com EABs e pentobarbital apresentaram um elevado índice de indução ao sono, sugerindo assim uma possível participação da via central. Na avaliação da participação do sistema gabaérgico na resposta antinociceptiva produzida pelo EABs, os animais, quando pré-tratados com flumazenil (antagonista competitivo dos benzodiazepínicos) no modelo das contorções abdominais, apresentaram significativa redução no índice de antinocicepção. Em síntese, o mecanismo antinociceptivo presente no extrato aquoso das flores de Brugmansia suaveolens parece estar atuando através dos sistemas opióide e gabaérgico.

RESUMO

Palavras-chave: EnfermagemBrugmansia suaveolensÓxido nítricoAnalgesiaPlantas medicinaisPlanta trombeteiraPlanta cartucheira