Dissertação - Eloisa da Fonseca Rodrigues

Saúde reprodutiva e a prevalência de alta paridade em mulheres do município do Rio Grande/RS

Autor: Eloisa da Fonseca Rodrigues (Currículo Lattes)

Resumo

O presente estudo transversal de base populacional teve como objetivo identificar o perfil da saúde reprodutiva e a prevalência de alta paridade entre mulheres do município do Rio Grande/RS. Defini-se alta paridade a ocorrência de quatro ou mais gestações que geraram filhos vivos com peso igual ou superior a 500 gramas e idade gestacional acima de 20 semanas. Partiu-se da hipótese que além do risco da própria multiparidade as mulheres com alta paridade estão mais expostas a outros fatores de risco como os de ordem social e econômico, dificuldade de acesso aos serviços de saúde e utilização inadequada de métodos anticoncepcionais. Além disso, acredita-se que estas mulheres geram prole com condições de nascimento mais desfavoráveis. O processo de amostragem foi aleatório sistemático por conglomerados onde foram sorteados 20 setores censitários da zona urbana da cidade e, em cada setor visitados 32 domicílios. Participaram da pesquisa 594 mulheres com idade entre 15 e 49 anos. A coleta de dados foi realizada entre setembro de 2005 e março de 2006. O instrumento utilizado para a coleta dos dados baseou-se em um questionário contendo perguntas fechadas estruturadas e semi estruturadas aplicado às mulheres sujeitos da pesquisa. O modelo teórico para determinação dos fatores de risco para a alta paridade foi construído por blocos de variáveis das características socioeconômicas e demográficas, história reprodutiva, anticoncepção, planejamento familiar, história conjugal, acesso aos serviços de saúde, condições de saúde e hábitos pessoais . A análise dos resultados foi obtida através de regressão logística não condicional. A prevalência de alta paridade no presente estudo foi de 15,8%. A análise bruta mostrou que a alta paridade esteve associada positivamente com a idade (p<0.001), cor da pele não branca (p=0.005), presença do companheiro (p<0.001), paridade dos pais maternos (p<0.001), história de filhos com baixo peso ao nascer (p=0.005) abortos (p<0.001), hábito de fumar (p=0.002) e participação do companheiro na escolha do método anticoncepcional (p=0.01)e negativamente com a renda per capita (p<0.001), escolaridade (p<0.001), trabalho fora de casa (p=0.03), idade da primeira gestação (p<0.001) e forma de acesso não gratuito ao método anticoncepcional (p<0.001). Após o ajuste conforme o modelo hierárquico de análise permaneceram significativamente associados ao desfecho estudado presença do companheiro (p=0.02), abortos (p=0.01), participação do companheiro na escolha do método anticoncepcional (p=0.01), renda per capita (p=0.001), escolaridade (p<0.001) e idade da primeira gestação (p<0.001). Esses resultados confirmam um quadro de desigualdades nos quais estão inseridas este grupo de mulheres com alta paridade no município do Rio Grande. Acredita-se que este estudo poderá contribuir para a construção de práticas e modelos de assistência à saúde que reduzam as desigualdades existentes em nossa sociedade, onde as práticas sejam desenvolvidas com equidade e coerência com as necessidades de saúde das mulheres e que repercuta em uma melhor qualidade de vida e saúde no campo da reprodução e sexualidade.

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Palavras-chave: EnfermagemPlanejamento familiarSaúde sexualReprodutividadeSaúde da mulher